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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 18 De Maio De 2023

18/05/2023 às 12h56


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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No comando da Assembleia até janeiro de 2027, Bruno é a garantia de que o governo Caiado 2 não enfrentará obstáculos para tocar seus projetos

Esta terça, 16, foi marcada no noticiário como a data da reeleição antecipada do deputado Bruno Peixoto para a presidência da Assembleia, cargo no qual agora permanecerá até 31 de janeiro de 2027. É um fato revestido de um significado especial, percebido pelo comentarista da rádio BandNews, no final da tarde da mesma terça (não gravei o nome do profissional), ao dar a informação: a consolidação de Bruno Peixoto no comando do Legislativo, por tão longo tempo, simboliza o inédito clima de paz que desceu sobre a política estadual.

Antecessores do governador Ronaldo Caiado, como Iris Rezende, Maguito Vilela, Marconi Perillo e Alcides Rodrigues, não tiveram um dia de sossego em seus mandatos. Sempre foram atacados por uma oposição muito proativa, que sabia fazer do plenário do Poder Legislativo um verdadeiro campo de batalha. Havia uma artilharia a disparar dia e noite contra o Palácio das Esmeraldas sem dó nem piedade. Fogo intenso, mesmo.

Caiado acabou com isso. Hoje, grande parte das matérias governistas são aprovadas com os votos dos deputados oposicionistas. O professor da UFG Luiz Signates e a colunista de O Popular Cileide Alves definiram com precisão o que ocorre, no momento, em Goiás. Para Signates, “simplesmente não existe contraponto crítico para a atual administração”. Para Cileide, “nesses dias de coroação do rei Charles III (6 de maio) em Londres, cabe uma analogia de linguagem: o reinado de Caiado se consolida com a fraca oposição e com os Poderes controlados. Ele se firma como uma liderança forte em meio ao vácuo da política em Goiás”, escreveu ela.

Bruno Peixoto, antes de ascender à presidência da Assembleia, foi líder do governo Caiado 1 por quatro anos e é natural que tenha evoluído para a condição de fiador dessa nova era de calmaria e concórdia que revoluciona a política em Goiás. Não à toa, a eleição e reeleição de Bruno para a presidência, vale lembrar, se deram por unanimidade, qual seja o respaldo da totalidade dos 41 deputados estaduais. É uma confluência inequívoca das suas virtudes pessoais com a experiência e habilidade política adquiridas ao longo da sua carreira, iniciada como vereador, agora encabeçando com maestria a trégua – com sinais de duradoura – entre os partidos e as lideranças presentes no principal palco parlamentar estadual. Em resumo, abrindo uma larga e confortável avenida para a gestão Caiado 2.

Os desdobramentos em Goiás da PEC da anistia aos partidos

 

Eleita supostamente pelo seu apoio às causas das mulheres, Adriana Accorsi é uma das signatárias da PEC da anistia aos partidos, maior retrocesso na luta pela valorização de gênero no Brasil

Tramita em modo acelerado uma anistia descabelada para os partidos políticos que descumpriram a obrigação legal de atender as cotas para mulheres e negros na última. É um perdão, o quarto da história desde que esses percentuais foram estabelecidos, que vai beneficiar praticamente todas as legendas, ao liberá-las de pagar pesadas multas e devolver recursos que foram manipulados irregularmente.

Há dois desdobramentos da anistia para Goiás. O primeiro é que o benefício, a ser irreversivelmente aprovado nos próximos dias, cobrirá apenas a distribuição do dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Mulheres e negros candidatos em 2022 deveriam ter recebido apoio financeiro para as suas campanhas conforme prescrito expressamente em lei. Representantes femininas, por exemplo, teriam direito a 30ª do montante disponível, limite para o qual as siglas – controladas por homem – não deram a atenção necessária. É só isso, no entanto. A indulgência não alcança a desobediência à imposição, para os partidos, de lançamento de um número mínimo de candidatas mulheres ou de postulantes negras e negros.

E daí? Daí que os processos abertos na Justiça Eleitoral para cassar as chapas lançadas em Goiás por partidos como o PL, para deputados estaduais e federais, em desacordo com os limites estabelecidos pela legislação, vão prosseguir normalmente. Os três deputados do PL na Assembleia – Paulo Cezar Martins, Major Araújo e Delegado Eduardo Prado – e os quatro na Câmara – Prof. Alcides, Magda Mofatto, Daniel Agrobom e Gustavo Gayer – seguirão pendurados quanto ao risco de perder os mandatos. Da mesma forma, os dois estaduais do PSDB, Gustavo Sebba e Dr. José Machado. As duas agremiações são acusadas de não ter lançado os 30% exigidos de candidatas mulheres.

O segundo desdobramento é o desgaste da imagem da deputada federal Delegada Adriana Accorsi, que costuma ser eleita beneficiada por um suposto compromisso com a defesa do empoderamento de gênero. Mas isso não é genuíno, leitoras e leitores. Adriana é uma das signatárias da PEC da anistia, como dito, um retrocesso monumental na busca pela valorização do segmento feminino na política. Tanto que as demais parlamentares do PT se rebelaram contra a orientação do partido (que endossa a PEC) e prometem votar contra, embora inutilmente. Ministras petistas também se alinharam com a rejeição a uma anistia que nada mais nada menos confirma a rotina do desrespeito às mulheres no país. Com o aval de Adriana Accorsi.

A deputada não é tão progressista como gosta de se apresentar. Defendeu o agro troglodita e bolsonarista contra a contribuição fiscal criada pelo governador Ronaldo Caiado no início do ano. Em pautas que envolvem abusos policiais, costuma se postar invariavelmente ao lado da sua corporação, para a qual não aceita a luz do juízo crítico sobre ações que muitas vezes são ostensivamente arbitrárias. Não tem compromisso com os direitos humanos e, na Câmara Federal, não só vai votar a favor, como patrocina com a sua assinatura uma matéria que desonra – sim, esta não é uma palavra exagerada para conceituar a PEC da anistia – as bandeiras mais caras às mulheres brasileiras.

Com 44% dos votos, Caiado é o principal cabo eleitoral em Goiânia

Dois cabos eleitorais de peso chamam a atenção desde já como influenciadores possíveis para as eleições do ano vindouro em Goiânia: um, o governador Ronaldo Caiado, com os seus 44% dos votos goianienses na busca vitoriosa pela reeleição em 2022, outro o presidente Lula, este com números bem abaixo, na faixa dos 35% tanto no 1º quanto no 2º turnos, um desempenho pífio.

Caiado tem um mérito de valor inestimável: inverteu uma tradição de mais de 40 anos, período em que raramente um governador alcançou um bom resultado nas urnas da capital. Iris Rezende e Marconi Perillo, fora do poder, tiveram maioria em Goiânia. No entanto, se saíram muito mal quando apoiaram candidatos a prefeito invariavelmente derrotados. Aliás, Caiado, no seu primeiro teste, em 2020, também viu o nome do seu gosto, o senador Vanderlan Cardoso, fulminado no mano a mano com Maguito Vilela, aparentemente confirmando a costumeira indisposição do eleitorado goianiense com o poder de plantão.

E Lula? Esse é um mantra furado do PT. Além de piormente votado em Goiás, de um modo geral, o presidente nunca teve tração eleitoral no Estado, mesmo porque nunca disfarçou a falta de interesse em ver bem-sucedidos os candidatos do seu partido ou aliados. Sempre se limitou a um videozinho e ponto final. Piorando as coisas, Lula transformou-se em uma liderança envelhecida e détraqué, vivendo dentro de uma realidade paralela em que o passado é arrastado para o presente, com resultados desastrosos, um deles a contratação de uma economia em crise – talvez até uma recessão – até 2025.

Cabo eleitoral negativo, Lula, portanto, deve atrapalhar. Ainda mais em um Estado bolsonarista, onde o destrambelhado capitão ganhou suas duas eleições de cabo a rabo e ganhou bem. Sem sintonia com o novo Brasil, o presidente se resume hoje a uma sucessão de erros. Se antes não teve importância em eleições em Goiás, não será agora, em 2024, que terá. Sobra para Caiado, à vontade em um quadro onde inexistem grandes eleitores para fazer sombra a ele. Quem o tiver na corrida pela cadeira número um do Paço Municipal largará em vantagem.

Pesquisas apontam Cruz embolado com Vanderlan e Adriana

Goiânia, maior colégio eleitoral do Estado, é sempre um cenário complicado. Há neste momento mais de uma dezena de candidatos cogitados e um clima de incerteza sobre os postulantes que finalmente se inscreverão. Certo, certíssimo, é o nome do prefeito Rogério Cruz, em busca da reeleição. Quem o enfrentará é insabido. O senador Vanderlan Cardoso, a deputada federal Adriana Accorsi e o deputado federal Gustavo Gayer são possibilidades a considerar. Nenhum deles, no entanto, confirmou a intenção de entrar na briga, por ora (Gayer, dos três, parece o mais disposto).

Das sondagens iniciais já publicadas, Vanderlan, Accorsi e Cruz saltam como hipóteses mais prováveis. O site A Redação revelou uma apuração do instituto Direct mostrando Vanderlan com 16,2% da preferência das goianienses e dos goianienses, seguido por Accorsi com 15,1%, e por Cruz com 11,2%, praticamente um empate. O Direct, vale lembrar, tem credibilidade controversa, mas a pesquisa deve, sim, ser avaliada como um indicativo a ser levado em conta, mesmo porque tem sintonia com as análises políticas mais bem informadas.

Esse mesmo ranking produzido pelo Direct exibe, na sequência, um grupo embolado, no qual despontam Gayer, o presidente da Assembleia Bruno Peixoto, o ex-deputado federal Elias Vaz, o ex-governador Marconi Perillo e a filha de Iris Rezende, Ana Paula, variando entre 3 e 7%. Tem lógica. O que é preciso registrar com destaque, contudo, é a liderança de Vanderlan, Accorsi e Cruz. Vanderlan, pelo recall das últimas duas eleições que encarou e perdeu. Accorsi, idem, com o acréscimo do sobrenome herdado do pai, e Cruz, pela vantagem do cargo e da visibilidade permanente na mídia. Tudo indica ser esse o quadro eleitoral real em Goiânia, hoje, quando, dos três, somente o último, Cruz, estará inevitavelmente na corrida (os outros dois provavelmente, só que por enquanto não admitiram de viva voz).