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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 16 De Maio De 2023

16/05/2023 às 12h35


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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O reatamento com o antigo aliado Mendanha reforçou o projeto político do vice Daniel para a sucessão de Caiado

A candidatura a governador do vice Daniel Vilela, para 2026, está se desenhando como avassaladora. Pelas forças aglutinadas ao seu lado como representante da base aliada e pelo enfraquecimento jamais visto antes da oposição em Goiás, o filho e herdeiro político de Maguito Vilela caminha para se configurar como um nome quase imbatível para a sucessão do governador Ronaldo Caiado.

A recomposição com o ex-prefeito de Aparecida e candidato derrotado ao Palácio das Esmeraldas no ano passado Gustavo Mendanha reforçou consideravelmente a musculatura de Daniel. Mostrou capacidade de diálogo e articulação, foco na busca do objetivo maior situado daqui a quatro anos e, o melhor de tudo, afastou do jogo um adversário potencial – mesmo isolado e sem um projeto claro para o futuro, Mendanha poderia insistir em se lançar novamente para o governo e acabar por perturbar a montagem de um cenário seguro para o atual vice-governador.

É outro Daniel Vilela esse após a reconciliação com o seu antigo aliado aparecidense, um Daniel superiormente robusto. A cartada é também um fator adicional de fragilização da oposição, hoje mais perdida e debilitada do que nunca. Tudo indica que sobrará na raia o ex-governador Marconi Perillo, porém seriamente afetado pelos erros em série e pelas derrotas nas últimas eleições. O tucano e seu grupo perderam totalmente o capital partidário e eleitoral, parecendo sombras pálidas do que foram um dia.

Marconi é a única oposição certa para 2026. Bom para Daniel Vilela. Claro, há o PT, eterno fiasco nas eleições estaduais majoritárias, e alguns partidecos de esquerda radical como Psol e quejandos, nenhum capaz de ir além do papel de pedrinhas no sapato, ou seja, aptas a incomodar, mas não atrapalhar para valer. E, finalmente, a grande incógnita: o senador Wilder Morais, dono do PL em Goiás, um partido de respeito (conta com a maior bancada federal, tanto em Goiás quanto nacionalmente falando).

Não se sabe onde estará e o que fará Wilder Morais daqui até as próximas eleições governamentais. Ele é produto do bolsonarismo rasteiro, no momento em baixa acelerada, desorganizado e desmoralizado. Não é político, é um empresário na política. Ganhou o mandato por um acidente do destino, com apenas 25% dos votos. Isso, por si só, não o credencia a um voo em altitude elevada como a disputa pela cadeira de Caiado. Um conjunto de variáveis, no entanto, podem viabilizá-lo como o contraponto a Daniel Vilela, entre eles a eventual vitória de Vanderlan Cardoso para a prefeitura de Goiânia, em 2024, caso se candidate. Vanderlan, empoleirado no maior colégio eleitoral do Estado, sem dúvida apoiaria Wilder, já que tem a mulher Izaura Cardoso como primeira-suplente do senador – ela assumiria por quatro anos se ele eventualmente se tornasse governador.

Derrota silenciosa em Anápolis abala o cacife de Vitor Hugo

Em um movimento de bastidores, quase não percebido de público, o candidato derrotado a governador pelo PL Major Vitor Hugo foi praticamente alijado da sucessão em Anápolis no ano vindouro. O presidente estadual do PL Wilder Morais nomeou uma nova comissão provisória municipal para o partido, sob a presidência do vereador Hélio Araújo. Sim, o mesmo deposto pelo Major em junho de 2022, substituído por uma pessoa estranha à política anapolina – a goianiense Lorena Montalvão Batista, desconhecida lá e cá.

Hélio Araújo é segundo suplente de Wilder Morais no Senado. Um aliado de peso, portanto. Em princípio, Hélio pretende ser candidato a prefeito, baseado no forte sentimento antipetista característico do eleitorado local. Vitor Hugo ficou em 2º lugar na eleição do ano passado em Anápolis, com 46 mil votos, atrás, é claro, do governador Ronaldo Caiado, esse além dos 105 mil. Ainda assim, pode ser considerado como bem votado, o que, teoricamente, forneceria uma base para o seu lançamento como postulante a prefeito em 2024.

Esse cenário virou fumaça. Claro está: Wilder Morais não quer complicadores para o seu controle absoluto sobre o PL estadual. Os candidatos a prefeitos serão quem ele quiser, o que ficou explícito com a intervenção em Anápolis e a nomeação do novo comando do diretório municipal. Não há saída para Vitor Hugo, a não ser tentar emplacar o seu nome, mais adiante, provando ser uma alternativa endossada pelas pesquisas. Isso parece difícil, visto de hoje.

A manobra de Wilder, silenciosa, fulminou o Major. Sem controle do diretório partidário, ninguém consegue se candidatar a prefeito ou a mandato algum. Vitor Hugo sempre foi e continua sendo um estranho no ninho. Um acidente de percurso na curta história do bolsonarismo e suas implicações em Goiás, Estado onde não tem raízes mínimas (nasceu na Bahia). Nem mesmo o fato de sua mulher – Flávia Morais Nagato de Araújo Almeida – ter sido destacada como juíza estadual em Anápolis altera esse quadro. Ele é página virada.

Aniversário sem obras de Aparecida: sinal amarelo para Vilmarzim

Para a fresta dos 101 de Aparecida, Vilmarzim só tinha um bolo de 101 metros para oferecer para a população

Aparecida completou 101 anos de fundação nesta quinta, 11 de maio. É uma data e tanto para uma cidade que ascendeu ao 2º lugar dentre as mais populosas do Estado e hoje também disputa com Anápolis a 2ª posição no ranking dos PIBs municipais de Goiás. Pois bem: para marcar a passagem desse aniversário, que obra ou programa ou investimento ou qualquer coisa de importância ou benefício real o prefeito Vilmar Mariano entregou para as aparecidenses e os aparecidenses?

A resposta: nada. Vilmarzim ficou no “qualquer coisa”, ou seja, mandou fazer um bolo de 101 metros e distribuiu os nacos para quem foi ver o desfile cívico-militar comemorativo em uma avenida perto da Cidade Administrativa (nome pomposo da sede da prefeitura). Não havia um posto de saúde, um pedaço de asfalto, uma creche para inaugurar. Nem uma reles reforma. Em abril último, o prefeito completou um ano no cargo, depois que, na mesma época, em 2022, Gustavo Mendanha renunciou para enfrentar a fracassada aventura de se candidatar ao governo do Estado.

Hoje, Vilmarzim projeta disputar a reeleição com base em uma inédita aliança política: Mendanha, o governador Ronaldo Caiado, o vice Daniel Vilela, o único deputado estadual do município Veter Martins e os dois deputados federais também de lá, Prof. Alcides e Glaustin Fokus. Do ponto de vista administrativo, terá muito pouco a mostrar. Falta identidade para a sua gestão e confiança quanto ao que insiste em prometer, como, por exemplo, pavimentar as ruas que ainda convivem com a lama e a poeira (30% do total).

O zero absoluto que foi o aniversário de Aparecida é preocupante. Esperava-se algo a mais para um dia tão especial. Se não mostrar viabilidade, Vilmar Mariano dificilmente aglutinará as forças que espera reunir para a sua reeleição. Ele parece menor que os encargos depositados em suas mãos. Afinal, trata-se de um município que se transformou em uma potência industrial, com exigências administrativas muito acima do observado no momento. A história mostra que, em situações assim, quem atrapalha acaba removido. Inexoravelmente.

O erro do PSD ao trocar a Casa Civil pela Codego

Em uma ação pouco construtiva e em alguns momentos até mesmo constrangedora, o PSD estadual saiu das eleições de 2022 com um candidato a senador derrotado e apenas dois deputados federais e um federal na sua bancada parlamentar, mas se empenhou em cobrar cargos no secretariado do governador Ronaldo Caiado – em especial para Francisco Jr., um dos azarados na disputa passada por uma das 17 vagas de Goiás Câmara.

Luminares do partido, como o presidente Vilmar Rocha (o candidato malsucedido ao Senado), gastaram semanas e semanas jogando indiretas, na tentativa de forçar um convite para a equipe de governo. Pressionaram tanto que Caiado acabou cedendo. Não tinha obrigação, do ponto de vista ético e moral, linha de conduta rara na política, mas apregoada pelo próprio Vilmar e compartilhada pelo governador. Em princípio, quando se dá apoio a alguém em um pleito isso deveria ser por concordância com propostas e ideias, não para depois, em caso de vitória, se arvorar no direito de apresentar a fatura.

Mas o PSD insistiu. Caiado fez o lógico: para aproveitar o quadro mais preparado e calejado da legenda, chamou Vilmar Rocha para a Secretaria da Casa Civil. Algo, sem dúvida nenhuma, produtivo para a gestão. Não deu certo, contudo: Vilmar preferiu abrir mão, sugerindo, em seu lugar, o nome de Francisco Jr. para o lugar. Já foi estranho, porque expertise sobre assuntos jurídicos, exigência número um da Casa Civil, não é a praia do ex-deputado. O pior foi a justificativa: sem mandato, Francisco Jr. estava à deriva e precisava de uma colocação. Um emprego, para usar sem meias palavras o substantivo apropriado para a situação.

Ato contínuo, a ginga pessedista não acabou. Ah, responderam a Caiado, a Casa Civil é uma pasta esvaziada e seria conveniente para a sigla receber uma missão executiva. Ou seja: uma posição com verbas e cargos. Mais paciente do que nunca, Caiado condescendeu. Trocou a Casa Civil pela Codego, uma empresa pública cujas finalidades são pouco conhecidas e, nos tempos de Marconi Perillo, foco de corrupção grossa. Resolvido o imbróglio, Francisco Jr. vai para a Codego e Vilmar Rocha, despido da presidência do PSD em favor do senador Vanderlan Cardoso, volta para casa.

Resumo da ópera: além do vaivém fisiológico, que deixou o PSD mal na fita, renunciar à Casa Civil parece péssimo negócio. Sim, a secretaria está esvaziada, no momento. Mas um titular de personalidade como Vilmar Rocha a transformaria rapidamente em protagonista crucial do governo Caiado 2 – e com brilho, ao contrário do que tende a ser politicamente a passagem de Francisco Jr. pela Codego. É o secretário que faz uma secretaria e não o contrário. A Casa Civil estaria assim à altura das pretensões do PSD e do peso indiscutível do seu presidente (por ora) Vilmar Rocha. Barganhar por um órgão insignificante tem pinta de equívoco monumental destinado a custar caro para o partido.