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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 11 De Maio De 2023

11/05/2023 às 17h40


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Daniel na cova dos leões: vice se prepara para 2026 com base em perfil agregador

A disputa pelo governo é a mais ferrenha e sangrenta em qualquer um dos Estados brasileiros. Uma briga de leões. Afinal, o que está em jogo tem um valor simplesmente incomensurável: muito poder. É por isso, desde já, quatro anos antes, que a eleição de 2026 já entrou no radar da classe política goiana, prioritariamente. O interesse é maior até que o pleito próximo, o municipal. Esse, carece de importância estadualmente analisando.

Um parêntese explicativo: em 2018, Ronaldo Caiado foi eleito com o apoio de meia dúzia de prefeitos. Em 1998, Marconi Perillo idem, embora com 33. Isso em um Estado com 246 municípios. Prefeitos ajudam? Sim, porém não são decisivos. Caiado, na reeleição, em 2022, teve 240 deles ao seu lado. Influenciaram? Discutir a resposta é perda de tempo. Um postulante sério deve pegar quantos puder e pronto. Fecha parêntese.

Para 2026, certa e irreversível é a candidatura do vice-governador Daniel Vilela. Nesse sentido, a interinidade do momento como titular da governadoria mostra o estilo e o caminho a vai seguir daqui até lá. Diz-se: jovens são afoitos e impulsivos. Daniel demonstra o contrário: agregador, preferindo ouvir em vez de falar, tolerante e cordial ao extremo. A cada dia, como substituto temporário de Caiado, amanhece em uma região diferente. Anda incansavelmente pelo Estado afora. Comunica isso e sinaliza, óbvio, empenho em se preparar.

Não há ainda nenhum adversário para Daniel Vilela, anunciou a intenção de entrar na corrida, mera e inconsequente bravata. E ponto. Não existem antagonistas, por ora, a verdade é essa. A estrada para 2026 está liberada para Daniel. Ele mesmo é o seu próprio adversário e, portanto, precisa evitar de erros na sua caminhada. O fato de estar isolado no páreo transmite a necessidade de maiores cuidados e responsabilidades. Ele está consciente.

Se apresentar para governador é um desafio e tanto. Maguito Vilela disse um dia ao autor deste blog, já encastelado no Palácio das Esmeraldas, que “só Deus sabia ao que havia se submetido para chegar à vitória”. Não era um lamento. Antes, uma manifestação de humildade. E o reconhecimento do pragmatismo indispensável à política. Um governador, sob certo ponto de vista, pode tudo. Um candidato, quase nada. Deve ser moldável, no limite das possibilidades. É a sina de Daniel Vilela e ele vai bem. Venhamos e convenhamos, foi traído por Gustavo Mendanha e agora o engole de braços abertos. Se quiser se transformar em governador, a melhor estratégia é seguir a experiência e os ensinamentos do seu pai. Conciliar o quanto puder e esquecer o passado.

Bruno Peixoto é garantia de governabilidade até 2026

Consolidado como presidente da Assembleia pelos próximos 4 anos, missão de Bruno Peixoto é garantir respaldo para Caiado

No próximo dia 16, o conjunto dos deputados da Assembleia Legislativa entregará um presente especial ao presidente Bruno Peixoto, aniversariante do dia: a sua reeleição antecipada para mais um biênio no comando do Poder, consolidando, na prática, um mandato de quatro anos, que só terminará em janeiro de 2027.

É um movimento hoje em dia rotineiro dentro da nova realidade do Congresso Nacional, Assembleias estaduais e Câmaras municipais. Decorre de uma intepretação do Supremo Tribunal Federal, ao consolidar jurisprudência no sentido de permitir a recondução dos dirigentes parlamentares pelo menos por mais um mandato. Tornou-se regra no Brasil.

Para se reeleger, um presidente de Legislativo em qualquer parte do país não enfrenta mais barreiras jurídicas e só depende de articulação e uma boa conjuração de forças. É o caso de Bruno Peixoto, líder do governo de Ronaldo Caiado pelos quatro anos anteriores e daí investido em musculatura suficiente para chegar ao pódio e aí permanecer por um longo tempo. Isso tem significados.

O principal deles é a garantia de 100% de governabilidade total e incondicional para Caiado, até o final do segundo mandato. Não virá da Assembleia nenhum tipo de trava ou obstáculo para o Palácio das Esmeraldas tocar os projetos que entender importantes para as goianas e os goianos. Nessa frente, o céu será de brigadeiro para o voo de Caiado até o fechamento da sua gestão. Mais um fator, na verdade, para o sucesso da gestão.

A pergunta é: o que Vanderlan fará com o PSD estadual?

Vanderlan conquistou o PSD em Goiás, mas ainda não sabe para que rumo ele conduzirá o partido, se contra ou a favor de Caiado

O senador Vanderlan Cardoso será o novo presidente estadual do PSD a partir do próximo dia 31, por designação do presidente nacional Gilberto Kassab – atendendo a uma lógica política que aconselha o controle regional de todo e qualquer partido por lideranças que têm em mãos mandatos parlamentares.

O atual presidente, Vilmar Rocha, é ex-deputado federal. Representa, assim, apenas ele mesmo. Perdeu a eleição do ano passado para o Senado com uma votação insignificante. Há sentido na sua substituição. O problema é o rumo para o qual Vanderlan vai levar o partido, da sua posse em diante.

O PSD está na base do governador Ronaldo Caiado. Compôs a coligação vitoriosa no ano passado, oferecendo os seus preciosos segundos na propaganda gratuita pelo rádio e televisão. Com essa ajuda, Caiado teve mais da metade do tempo e massacrou com essa enorme exposição os demais candidatos. O principal adversário, Gustavo Mendanha, pendurado no nanico Patriota, não chegou a um minuto.

Vanderlan é conhecido como um lobo solitário. Não tem grupo, não faz questão de ter e quando se mexe parece obedecer a sua própria cabeça e mais ninguém. Embora sem se opor a Caiado, evita proximidade com o governador, que o apoiou para prefeito de Goiânia em 2020, porém não teve a devida retribuição em 2022, quando o senador preferiu se perfilar ao lado do estranho no ninho Major Vitor Hugo.

O que vai acontecer com o PSD goiano, por ora, é uma incógnita. Não se tem certeza nem mesmo sobre a candidatura de Vanderlan à prefeitura de Goiânia, com base no recall adquirido nas duas últimas eleições que disputou e perdeu. Sem dúvida, o desafio para o senador é grande. Se ele vai estar à altura, ainda é cedo para que se saiba.

Agro perde mais uma e vai pagar a taxa em abril

O governador Ronaldo Caiado não dá trégua ao agro: tendo obtido do Supremo Tribunal Federal um julgamento favorável ao cancelamento da cautelar concedida pelo ministro Dias Toffoli suspendendo durante praticamente todo o mês de abril a cobrança da chamada “taxa do agro”, Caiado decidiu não liberar os produtores do pagamento pelo período de validade da liminar. 

Coisa à toa? Nada disso. Em jogo, talvez mais de R$ 100 a 150 milhões de reais, devidos aos cofres estaduais pelos produtores de grãos como a soja (maior contribuinte, disparadamente), minérios em geral e bois para abate, dentre outros (os alimentos da cesta básica são isentos). Parte desse dinheiro já está recolhido, faltando ainda um montante pequeno. Caiado poderia ter perdoado, se quisesse. Afinal, tecnicamente falando a taxa não estava em vigor, aguardando o pronunciamento final do STF.

O governador, no entanto, foi mais uma vez duro com o agro – setor da economia ao qual é historicamente ligado e defendeu com todas as forças ao longo da sua carreira parlamentar, mas que o abandonou na eleição do ano passado, preferindo apoiar a candidatura do Major bolsonarista Vitor Hugo e quase colocou em risco a conquista de mais um mandato. Sem hesitações, fez-se uma consulta rápida à Procuradoria Geral do Estado. Editado o parecer favorável, manteve-se a cobrança integral relativa a abril.

Classificar a “taxa do agro” e a sua exigência inclusive em abril como vingança não é correto. A produção agropecuária e a mineração quase não são oneradas tributariamente. Aproveitam-se do Estado em termos de infraestrutura, com seus caminhões pesados, prejudiciais para rodovias e pontes. Caiado merece aplausos por chamar esses empresários a dar a sua cota de contribuição para a manutenção da infraestrutura massivamente utilizadas por eles. Para isso, todos os recursos da taxa foram indexados ao Fundeinfra. As primeiras obras, financiadas pelo fundo, começaram. Bom para Goiás, bom para as goianas e os goianos, choradeira do agro à parte.

Oposição à deriva: uma desorientação nunca vista em Goiás

Pelo seu histórico e pelas duas derrotas sucessivas frente ao caiadismo, o ex-governador Marconi Perillo deveria ser o principal elemento de aglutinação da oposição em Goiás. Não é. Falta discurso, inteligência e compreensão sobre o tempo novo (alguém já ouviu essa expressão antes?) instalado na política estadual depois dos quatro anos do primeiro mandato de Caiado.

Parâmetros foram quebrados. O governo enveredou por um caminho que mistura profissionalismo na política com gerenciamento técnico. Não à toa, nem Marconi nem qualquer outro oposicionista sabem o que dizer da gestão.

O ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, principal adversário na eleição de 2022, adotou um tom ameno e propositivo em relação a Caiado e está agora à espera de um convite para uma conversa. Em outra frente, o senador Vanderlan Cardoso segue dentro do seu estilo moderado, dando a impressão de que pretende no futuro se opor ao governo, porém não agora.

A Assembleia está serena e plácida como um lago de águas paradas. A ruína do bolsonarismo apagou a chama dos destrambelhados da Casa, gente como o doidivanas Major Araújo, hoje mais comedido diante do risco de ser submetido ao rigor da Justiça Eleitoral (e de fato o Major está ameaçado de cassação por processos postulando a cassação da chapa do seu partido, o PL, empurrando como consequência o seu mandato para o ralo).