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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 04 De Maio De 2023

04/05/2023 às 10h01


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Presidência é destino, mas Caiado fez e faz a parte que lhe cabe

Caiado sabe que não basta querer ser presidente, é preciso que o destino também queira e estar preparado para o momento certo

Para se chegar à presidência da República, políticos precisam ser ajudados por fatores objetivos tais como popularidade em todo o país, simbolizar ideias poderosas, dispor de estrutura partidária, enunciar um discurso qualificado e… contar com doses cavalares de sorte. Às vezes, essa receita muda, especialmente em conjunturas excepcionais, como a que favoreceu Jair Bolsonaro em 2018. No geral, não. Porém, não basta apenas ter condições e querer, se o destino não quiser.

O governador Ronaldo Caiado, como se sabe, colocou publicamente o seu projeto presidencial. Sabiamente, mostrou ter consciência de que muito vai depender da sua estrela guia. Há poucos dias, na convenção estadual do União Brasil, foi claríssimo: “Deixem-me dizer a vocês uma coisa: eleição de presidente tem muito de destino também, tem de entender isso, em primeiro lugar. O que será o processo de 2026? Vai ser aquele que Deus quiser. (…) Se a oportunidade for dada, vocês sabem que o Ronaldo Caiado não dispensa”, pontuou.

A Caiado competirá, para daqui a quatro anos, fazer a parte que lhe cabe e aguardar a dança dos pauzinhos do futuro. Uma vantagem, desde já, é a inexistência de impedimentos no seu caminho. Abriu-se uma larga avenida à sua frente, construída e pavimentada com base na sua trajetória ética e politicamente impecável, à qual se acrescenta a repercussão nacional da gestão bem resolvida em Goiás.  De repente, ainda mais se o governo Lula fracassar na economia, trazendo a recessão de volta (e pelos erros que se repetem, é bem provável, vejam a avaliação de Henrique Meirelles), o governador pode se beneficiar pela forte caracterização como político de direita, porém esclarecida e não troglodita como Jair Bolsonaro.

A candidatura ao Palácio do Planalto, portanto, transita longe de ser somente um sonho vão e tem chances de avançar. É um jogo delicado, que começa para valer logo após as eleições municipais de 2024. Caiado está incluído, graças aos seus méritos, resumidos na sua história de vida pessoal e política, e pelos dois mandatos como governador de Goiás. Em princípio, está preparado. Se o cavalo passar arriado, “Ronaldo Caiado não dispensa”.

Daniel Vilela dará o tom da mudança geracional em 2026

Candidato da base governista com grandes chances de vitória na sucessão de Caiado, Daniel Vilela a troca de geração no poder

As eleições de 2026 estão destinadas assumir um significado muito especial em Goiás: a chegada, enfim, de uma mudança geracional na política estadual. Ou, em outras palavras, vão marcar natural e inevitável troca de gerações no comando administrativo do Estado.

Até 2018, sucederam-se governadores com jeito de mais do mesmo. Iris Rezende, Maguito Vilela e Marconi Perillo, somados, disputaram 12 eleições consecutivas (em alguns casos, as mesmas). A quebra desse ciclo veio com o então senador Ronaldo Caiado, ao provocar uma ruptura real hoje espetacularmente aprovada pela população, diante dos índices elevados de popularidade exibidos pelo governador. Ocorre que Caiado, ainda que sem ter sido repetição de nada, está dentro da faixa etária dos seus antecessores.

Marconi, sim, é um pouco mais novo. Porém, sua primeira vitória, em 1998, não teve o condão de trazer uma renovação geracional. Politicamente, não mostrou grandes diferenças em relação a Iris e Maguito, que sobreviveram à derrota e continuaram concorrendo. Em matéria de governos, foram parecidos. Os três estão mortos, já que o tucano, embora bem vivo, viu a sua estrela se apagar no mesmo sentido do desaparecimento físico dos seus rivais.

Portanto, vem vindo aí gente muito nova. Daniel Vilela é a liderança mais importante a despontar, com 40 e poucos anos em 2026, quando seu nome contará com cotação superior para o Palácio das Esmeraldas. Há outros correndo atrás de evidência nas eleições majoritárias daquele ano, entre os 40 e os 50 anos- Alexandre Baldy, Gustavo Mendanha, Roberto Naves, Virmondes Cruvinel, Bruno Peixoto e Gustavo Gayer, esse, aliás só se tiver o juízo de que ostensivamente carece – ou com até menos, caso do deputado estadual Lucas Calil (no momento com 35). E mais chegarão. Quem sabe uma revolução, na verdade iniciada pelos novos parâmetros introduzidos por Caiado, um governante moderno apesar de ultrapassar os 70. Goiás nunca mais será o mesmo Estado do passado.

Fechamento do mandato será decisivo para Rogério Cruz

Estar no exercício do cargo representa uma indiscutível vantagem para governantes em busca da reeleição. Não significa garantia de vitória ou mesmo uma facilidade arrasadora. Mas é inegável que traz benefícios respeitáveis quanto ao julgamento das urnas.

Em casos raros, tudo se inverte e pode ser até certeza de derrota, nos casos de mau desempenho. No entanto, o histórico das reeleições, em todos os níveis, no Brasil, confirma uma maioria de resultados pela recondução a mais um mandato. Eis aí o motivo pelo qual se pode concluir: o prefeito Rogério Cruz, candidato em 2024, tem chances expressivas de se manter na cadeira número um do Paço Municipal. 

Dois trunfos chamam a atenção. Um, a espetacular situação financeira conquistada para a prefeitura, muito melhor que a herdada de Iris Rezende. Um recentemente levantamento da Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, responsável pelo cálculo do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), incluiu Goiânia com destaque no ranking de excelência fiscal, em especial nos quesitos gestão contábil e enxugamento da máquina.

Traduzindo: o que motivou a boa classificação concedida pela Firjan foi o equilíbrio da administração da capital nas despesas e receitas, a responsabilidade fiscal do atual prefeito, a valorização dos servidores e, ao mesmo tempo, os investimentos em obras e serviços pela cidade afora. É, enfim, dinheiro em caixa, situação rara no alto do Park Lozandes, agora alcançada.

Daí, o segundo item favorável: com recursos sobrando, as frentes de trabalho se ampliam (custo orçado: R$ 1,7 bilhão, disponíveis nas contas bancárias do município), em especial asfalto novo, recuperação do antigo, pontes, construção de escolas e mais realizações na Infraestrutura, Mobilidade Urbana, Saúde e Educação. Trata-se do pacotão já batizado como Goiânia Adiante, em pleno andamento, cujos pontos de maior impacto estão na construção de cinco novos complexos viários em áreas de grande densidade de trânsito, como a Alameda do Contorno, perto do Parque das Laranjeiras e a região do Cepal do Setor Sul.

Rogério Cruz, a um ano e meio da data das eleições, começa a jogar na mesa as cartas que tem na mão. Suas possibilidades, óbvio, virão do fechamento do seu primeiro mandato, como se dará e qual o saldo final. A reeleição, se acontecer, sairá desse grand finale atualmente em montagem acelerada.

Cobrar da mineração a “taxa do agro” é justiça fiscal

Não existe atividade humana mais destrutiva para o meio-ambiente como a mineração. Vejam, leitoras e leitores, o exemplo da extração de ouro em Crixás, comandado por uma multinacional sul-africana chamada AngloGold Ashanti, a terceira maior do mundo – há 30 anos devastando o município em troca de 136 toneladas do precioso metal, produção imediatamente enviada ao exterior, tal como nos velhos tempos do Brasil Colônia.

Perguntem a qualquer morador de Crixás. A destruição dos cursos de água é assombrosa. Vastas áreas acabaram transformadas em desertos. Em 2022, a AngloGold Ashanti recebeu de uma multa de R$ 36 milhões por poluir o rio Vermelho, o principal da região. Um helicóptero pousa semanalmente e carrega 400 quilos ouro, sem incidência de impostos. E nem um único centavo é retornado em benefícios para Crixás ou para o Estado. Isso, até o início deste ano.

O governador Ronaldo Caiado teve a lucidez de estender a chamada “taxa do agro” para as mineradoras, uma atitude de profunda e elogiável justiça fiscal como nunca se viu antes em Goiás. Em especial, para a retirada de metais raros, como o ouro, que demandam mobilização gigantesca de terra para apurar poucas gramas. O preço é pago pela natureza. Agora, finalmente, as empresas direcionadas para essa exploração passaram a ser obrigadas a contribuir com a manutenção e ampliação da infraestrutura do Estado, através da “taxa do agro”.

A implantação dessa contribuição tributária é benfazeja para Goiás. Santo o dia em que foi instituída. Não à toa, companhias como a AngloGold Ashanti recorreram ao Supremo Tribunal Federal para derrubar a taxa, representadas pela Confederação Nacional da Indústria – CNI. Tomaram uma derrota acachapante. O STF decidiu pela constitucionalidade da matéria, embora em julgamento ainda liminar, mas, para experts em tramitação processual na mais alta Corte judiciária do país, com todas as características de definitiva.

A história do ataque ao meio-ambiente protagonizado pelas mineradoras, no Estado, ainda está para ser escrita. É um capítulo triste na luta pela preservação do meio-ambiente e do justo aproveitamento das riquezas minerais expropriadas pelo capital global. A “taxa do agro”, que essas empresas a partir de janeiro último são forçadas a recolher, ajuda, sem, no entanto, cobrir a integralidade da dívida em aberto com as atuais e futuras gerações de goianas e goianos. Ainda é pouco. Deveriam devolver muito mais.